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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Esporte: Felipão relembra a conquista da Copa do Brasil pelo Criciúma


Há duas décadas, Luiz Felipe Scolari começava a história de bicho-papão da Copa do Brasil com um título totalmente inesperado. Em 1991, o Criciúma rugiu forte dentro e fora de seus domínios ao abrir o caminho para que os clubes considerados menores – como Paulista de Jundiaí, Santo André e Juventude-RS – pudessem sonhar com conquistas de nível nacional, informa a Placar.

O Criciúma levantou a taça de maneira invicta, com seis vitórias e quatro empates. Na decisão, Felipão mostrou a astúcia que virou marca em sua personalidade ao jogar com o regulamento debaixo do braço: ganhou o título com dois empates – o Tigre levou vantagem por ter feito um gol na casa do Grêmio.

Nenhum dos jogadores do Criciúma de 1991 chegou ao sucesso em times grandes nos anos seguintes, contudo Felipão ressalta o legado deixado naquela campanha: “A grande vitória do Criciúma foi por ser um bom grupo, não havia nenhuma estrela que fizesse diferença”.


O que falar daquele título do Criciúma? Parecia um time muito unido…
FELIPÃO: O time era bem equilibrado para aquele ano. Foi um dos melhores times do Criciúma de todos os tempos, era muito bem equilibrado na defesa, no meio-campo e no ataque. Depois daquele ano saíram quase todos, Jairo Lenzi, Roberto Cavalo, Grizzo, o Gelson foi comigo para o Grêmio, o Alexandre veio para o interior de São Paulo, o Itá foi para o Internacional. Todos saíram porque também fizeram dessa competição uma mostra, os contratos começaram a surgir. Como era um time muito equilibrado, de uma cidade pequena e que jogava junto fazia tempo, era mais fácil de dirigir para formar um bom grupo e trabalhar em uma competição que iria nos mostrar para o Brasil. A grande vitória do Criciúma foi por ser um bom grupo, não havia nenhuma estrela que fizesse diferença, todos jogavam muito bem, mesmo os cinco ou seis reservas apresentavam boa qualidade.


O interessante é que a maioria daqueles jogadores não vingou em time grande.
FELIPÃO: Era um grupo feito para jogar junto. Todas as qualidades eram bem exploradas pelos colegas, cada um supria a necessidade do outro. Então, tu vai para outro clube com outras características, muitas vezes não se enquadra.


Eu li registros antigos que citavam até que houve feriado no dia seguinte.
FELIPÃO: Eu não lembro bem se houve feriado, mas foi uma festa de Santa Catarina, não só de Criciúma. Com o time na final, todo o estado se uniu. Eu me lembro que nós tivemos lá, nos dias que antecederam a partida final, todas as emissoras de televisão da capital, todas de rádio, os principais cronistas esportivos, os ícones do esporte local, todos vieram para Criciúma e faziam os programas de esportes. Todos fizeram com que a população se mobilizasse, tanto que 80% dos torcedores estavam ao nosso lado no jogo final mesmo com a proximidade de Porto Alegre. Foi um envolvimento de Santa Catarina.


Quer dizer que não tinha rivalidade dos outros clubes do estado?
FELIPÃO: Não tinha, não tinha, não, naqueles jogos finais passou a ser Santa Catarina contra qualquer lugar que fosse jogar, no caso, Rio Grande do Sul e Grêmio. Foi uma conquista que nunca mais aconteceu, está na história, era muito bonito ver o envolvimento, as pessoas de Santa Catarina felizes com aquela vitória, o estádio era novo, reformado. Eu logo depois saí, nem consegui viver tanto a emoção, três dias, uma semana depois rescindi o contrato e fui para a Arábia.


Em uma campanha como essa, também precisa contar com a sorte, não é?
FELIPÃO: Tem coisas que acontecem que não são previstas. Durante a campanha, fomos jogar com o Remo (na semifinal), estava um calor de 40 graus, era um inferno para uma equipe catarinense. Meia hora antes do jogo caiu uma chuva estupenda. O campo ficou molhadinho, ficou muito bom para o Criciúma e ruim para o adversário. Fomos lá e ganhamos de 1 a 0. São coisas que acontecem que ninguém dá bola e foi importante. Fisicamente, passamos por cima do Remo, fizemos o resultado que nos dava a condição de empatar em casa. Então são detalhes que acontecem que podem te favorecer ou prejudicar.

Fonte: Placar


@mateusmastella

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